A importância de ser um Doador de Órgãos

A córnea faz parte da porção anterior do olho e funciona como nosso primeiro poder óptico para a formação da visão, juntamente com o filme lacrimal. Tem característica de ser totalmente transparente, avascular, altamente inervada, com formato côncavo convexo, de forma asférica sendo, em olhos saudáveis - a curvatura vertical maior que a horizontal, conferindo uma visão limpa e clara. Alterações na estrutura do tecido corneano provocam perdas dessas qualidades e consequente baixa de acuidade visual, com embaçamento e distorção da visão. 

Várias doenças podem atingir a córnea, como doenças congênitas as distrofias, por exemplo: distrofia de fuchs, as degenerações, as ectasias corneanas como ceratocone. Podem ocorrer também úlceras corneanas de origem bacteriana, fúngica, herpética entre outras que deixam cicatrizes corneanas como leucoma (lesão esbranquiçada que baixa a visão). Podem ocorrer traumas, perfurações e alterações culminando com a perda de visão. 

O transplante de córnea data de 1905, quando foram realizados os primeiros experimentos. É uma das alternativas de tratamento na tentativa de restabelecer a visão dos pacientes afetados e com a criação dos Bancos de Olhos as técnicas cirúrgicas ficaram cada dia mais seguras. 

A prática foi consolidada em 1944 com a criação do primeiro Banco de Olhos no Manhattan Eye, Ear and Throat Hospital (Nova York – EUA / 1869), um centro especializado em olhos, ouvidos e garganta. A partir da década de 1940 surgiram mais pesquisas acerca dos critérios para a se obter qualidade nos tecidos doados. Houve, em curto espaço de tempo, uma disseminação dos bancos de olhos no mundo, que passaram a se responsabilizar pela captação, processamento, preservação, avaliação, armazenamento e distribuição de córneas e esclera. 

A córnea por se tratar de um tecido avascular não precisa de compatibilidade sanguínea e de genes para ser transplantada, porem segue-se alguns critérios importantes para o uso desse tecido. As doações são de pessoas falecidas (os dois olhos). Podem ser utilizadas as córneas e a esclera (branco do olho), beneficiando mais de uma pessoa. 

Desde os primeiros transplantes foi observado o potencial que essa técnica cirúrgica tem em devolver a visão ao paciente, e ainda hoje é utilizado como principal indicação de tratamento em algumas doenças de córnea. 

Juntamente com o Ministério da Saúde e com a Secretaria Nacional de Saúde de cada Estado e região, os tecidos doados são cadastrados no sistema da SNT e distribuídas para a população de acordo com a ordem na fila de espera de cada Estado e região. 

O Banco de Olhos é responsável pela captação e preservação dos tecidos oculares. Cada médico oftalmologista, que seja especialista em córnea - tem a sua equipe transplantadora em algum hospital (Centro Transplantador). O médico cadastra o paciente na Secretaria Nacional de Saúde e a SNT distribui as córneas e escleras. É o médico que retira a córnea no Banco de Olhos e leva até o serviço onde o paciente será operado. 

Quais os critérios para se transplantar córnea e esclera? 
- A esclera é usada em cirurgias de glaucoma, perfuração ocular, afinamento escleral. Já os transplantes de córnea são classificados em quatro tipos: óptico, tectônico, cosmético e terapêutico. Sua finalidade é determinada pelo médico oftalmologista de acordo com cada caso. O tipo de transplante mais realizado é o óptico, ou seja, o transplante que tem por finalidade devolver a visão ao paciente. 

São inúmeras as técnicas de transplantes existentes atualmente, como o transplante penetrante (mais antigo e indicado), com a troca de todas as camadas da córnea. Existem também os lamelares anteriores e posteriores - troca de parte do tecido corneano, somente a parte que está doente (técnica mais conservadora). 

As cirurgias são sempre realizadas por médico oftalmologista, que está cadastrado em um centro transplantador, aceito pelo Ministério da Saúde. Deve sempre estar ligado a um hospital. 

A recuperação pós-operatório é lenta, com reestabelecimento gradual da visão. O paciente requer acompanhamento oftalmológico constante e continuado. 

Desde de 2008 funciona o Banco de Olhos de Maringá, juntamente com a Oftalmar – Hospital de Olhos de Maringá. O banco exerce papel importante junto a sociedade no incentivo a doação de córnea, desempenhando sua função na manutenção da qualidade do tecido, e juntamente com as equipes de cada hospital buscam mais e mais doações para auxiliar pacientes que estão na fila do transplante. Atua nos hospitais de Maringá, Sarandi, Cianorte, Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama. 

Busca atualizar as equipes dos hospitais que fazem captação assim como validar todos os processos garantindo a qualidade e segurança do tecido, no intuito de fazer o melhor para o paciente que necessita de uma córnea ou uma esclera, para voltar a enxergar. 

A doação de órgãos é um direito de todo cidadão e esse desejo deve ser manifestado principalmente a família, porém é a família é quem dará a palavra final. Por isso é muito importante sempre expressar a vontade de ser um doador de órgão. 

Para córnea os critérios de doação são inúmeros e é levado em consideração: idade (entre 3 e 70 anos), não apresentar quadros de infecção de qualquer tipo, não ter feito nenhuma cirurgia ocular prévia, não ter doenças oculares (exemplo: ceratocone e tumor), não ter hepatite, HIV e outras doenças infecto contagiosas, causa de morte conhecida, entre tantos outros critérios. 

Seja um doador de órgãos. Quem necessita, agradece!





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